RITO DE TRANSIÇÃO 2025

Desde 2023, passei a usar o nome Ritó. Tenho uma filha chamada Penélope que, em abril de 2025, completará 10 anos. Penélope viveu comigo como sua mãe (e mulher) até aos 5 anos, e agora experimenta comigo uma parentalidade não binária. Juntes, falamos muito sobre corpos, sobre género, sobre ideias feitas e por fazer, e também sobre o que seria criar uma peça que pudesse juntar duas ideias aparentemente desconectadas: o mundo da transição de género e um mundo em transição ecológica. Ou seja, mergulhar num oceano de plástico enquanto aguardo pela realização de uma mastectomia.”
(Ritó Natálio)

 

Rito de Transição de Ritó Natálio © Patricia Black

© Patrícia Black

“Rito de Transição: Corpo T” é uma ode às parentalidades e infâncias queer, brincando com a linguagem que se transmite e que transita entre a boca de pessoas adultas e a boca das crianças (e vice-versa). Uma fábula política dedicada aos processos de transição corporal, hormonal, social e ecológica, onde se cruzam bichos inventados com sete asas e zero olhos, florestas feridas por monstros, danças de ovos e casulos, mitologias para corpos em flor que desejam a transformação.

Nestas histórias, o que está por vir é uma cicatriz do que aconteceu muito tempo atrás. Experimenta-se traduzir essa cicatriz em língua de crianças, criar peles vegetais, esculpir bocas de pedra e, sempre que possível, brincar.

Mas como contar mitos da transição sem se alienar das marcas de todo um conjunto de espécies e vozes que se foram ausentando do mundo monocultural? Como falar do que tem mudado e transitado cada vez mais rápido? E o que dizer de novas “robóticas moles”, ou de nano-interfaces líquidas que têm alterado rapidamente o panorama das ciências e da ecologia, e nem sempre acessíveis em novas metáforas para o entendimento do mundo? Por exemplo, o TestoGel, aplicado no braço de R. a cada noite? Ou a poluição das águas com estrogénio, que tem provocado casos de puberdade precoce?

Um rito compartilhado de transição, que experimenta ser um poema intergeracional e habitar um espaço alquímico entre artes e ciências.

Rito de T Op 1 creditos Patricia Black

© Patrícia Black

 

www.tndm.pt/pt/programacao/espetaculos/rito-de-transicao-corpo-t/

⌂ FICHA TÉCNICA

Criação: Ritó Natálio
No âmbito do projeto: STAGES
Performance e colaborações: Penélope Levi Natálio, Ritó Natálio, Shereya, Jonas Van
Cenografia e instalação: Jonas Van
Desenho de luz: Joana Mário e Rita Nunes
Desenho de som: João Diogo e Margarida Pinto
Filme: Patrícia Black, Penélope Levi Natálio
Criação de música: Odete
Figurino: Alex Simões aka xana modas
Apoio à criação: Amador Alina Folini
Apoio dramatúrgico: Joana Levi
Experiências em laboratório-cozinha: Ce Quimera
Apoio hormonal e endocrinológico: Miguel Saraiva
Apoio ao desenho de cenografia: Santiago Rid
Montagem de cenografia: David Leitão
Assistência de criação e de produção: Laila Algaves Nuñez
Direção de produção: Catalina Lescano / Associação Parasita
Apoio administrativo: Helena Baronet / Associação Parasita
Coprodução: Teatro Nacional D. Maria II, Associação Parasita
Espaços de trabalho: Espaço Parasita, Atelier Inês Brites
Apoio: A PARASITA é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Ministério da Cultura/Direcção-Geral das Artes no biénio 2025-2026.

2025


03—07.12
Ritó Natálio, Shereya, Penélope Levi Natálio, Jonas Van
Rito de Transição: Corpo T / Sala Estúdio Valentim de Barros / Jardins do Bombarda, Lisboa
15.02
Ritó Natálio, Jonas Van, Ce Quimera, Miguel Saraiva, Alina Ruiz Folini
CORPO-T / CORPO-TERRA — partilha pública, OpenLAB / Musiberia, Serpa