“Fóssil” é a continuação da série de performances-conferência de Rita Natálio iniciadas com “Antropocenas”/2017 (colaboração com João dos Santos Martins) e “Geofagia”/2018. Se a figura do zombie foi central para entender o funcionamento do capitalismo e do conceito de biopolítica no século XX, a figura do fóssil – o que é extraído da terra e o que acumula tempo ou história – convida hoje a pensar sobre a crise generalizada que muites têm chamado de Antropoceno. Aqui se constrói um fóssil do extrativismo contemporâneo, refletindo sobre como a geologia e os processos que ocorrem “dentro da terra” estão inscritos e se inscrevem na história humana. Um livro-performance onde a linguagem atravessa diferentes escalas e se expõe à sabotagem.
“Fóssil” convive com uma série de trabalhos do artista visual Hugo Canoilas, proposta que surgiu do convite do Atelier-Museu Júlio Pomar para uma performance no fecho da exposição “Antes do Início e Depois do Fim”, comissariada por Sara António Matos e Pedro Faro.
Esta performance foi apresentada em Novembro de 2020 no contexto da rede Terra Batida, uma rede de pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono. As apresentações farão seguidas de conversas com João Prates Ruivo (“Solos Antropogênicos: fabulando um Instituto dos Solos em Portugal”), Greve Climática Estudantil e Climáximo.
Excerto texto da performance publicado no jornal Coreia