Ana Rita Teodoro (Portugal, 1982) é uma artista interdisciplinar que trabalha com dança. O seu trabalho coreográfico repousa na ideia de uma “anatomia delirante”, que procura extrapolar funções do corpo humano convencionado. Estudou a dança butô, no seu contexto e prática. Coleciona canções tradicionais portuguesas cantadas no feminino, das quais faz uso nos seus projectos artísticos.
Mestra em “Dança, Criação e Performance” pelo CNDC de Angers e a Universidade Paris 8 (2011/2013), desenvolveu como pesquisa a criação de uma “Anatomia Delirante”. Da qual resultou a Coleção Delirar a Anatomia, pequenas peças de dança dedicadas a uma parte do corpo: Orifice Paradis (2012), Sonho d’Intestino (2013), Palco e Pavilhão (2017). As partituras foram editadas pela ed._____ uma parceria do Teatro Praga e da Sistema Solar, sobre o título Delirar a Anatomia de Ana Rita Teodoro + (des)léxico para A.A. de Joana Levi (2022).
Em 2002, foi aluna do Curso de Pesquisa e Criação Coreográfica do Fórum Dança e em 2005 do Curso de Coreografia organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Participa nas atividades de investigação do c.e.m. onde inicia o estudo do corpo via a anatomia experiencial, a filosofia e o cruzamento multidisciplinar, com Sofia Neuparth, entre outros. Em 2007/2010 fez o Curso de Instrutores de Chi Kung, da Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Lisboa.
O Butoh de Tatsumi Hijikata tem sido uma das suas áreas de maior investimento artístico. Desde 2007 participa em diferentes workshops liderados por artistas e pesquisadores como: Tadashi Endo, Sankai Juko, Torifune, Akira Kasai, Min Tanaka, Yoshito Ohno, Patrick De Vos e Christine Greiner. Em 2015, recebe a Bolsa de Aperfeiçoamento Artístico da Fundação Calouste Gulbenkian para estudar com Yoshito Ohno no Japão e em 2016, desenvolve uma pesquisa em torno da prática do Butoh com o apoio Aide à la recherche et au patrimoine en danse do Centre National de la Danse, CN D (Pantin). Esta pesquisa culmina na performance-conferência intitulada Your Teacher, please (2018).
Ana Rita Teodoro criou as seguintes coreografias a solo – MelTe (2009), Curva (2010), Assombro (2015), a sua primeira grande peça de grupo FoFo (2019) que contou com o apoio New Settings da Fundação Hermes e aaah (2022). No contexto do serviço pedagógico do CN D, Ana Rita concebeu duas conferências espetáculo para o público jovem: Conferência 1 – O Corpo (2019) e Conferência 2 – Pequena História do imaginário corporal (2020). No mesmo contexto, Ana Rita prepara uma terceira conferência sobre como o pensamento sobre o corpo se manifesta na dança enquanto arte e expressão dos tempos.
Trabalhou em diversos projetos pontuais com artistas como Nadia Lauro (Garden of Time, Festival de la cité Lausanne 2020), João dos Santos Martins (Trolaró, Casa da Dança de Almada – 2020) e a artista visual Adelaïde Feriot (Palais de Tokyo – 2019). Foi igualmente intérprete do músico Julien Desprez em Coco (2019), João dos Santos Martins em Projecto Continuado (2015), em Companhia (2018) e em Antropocenas (2017) do mesmo coreógrafo e da Rita Natálio. Foi artista associada do Centre National de la Danse, CND (Pantin) entre 2017 e 2019 e é artista da Associação Parasita desde a sua data de criação em 2015. Em 2022 Ana Rita T organizou no TBA (Lisboa) uma série de conferências e workshops dedicadas a pensar a audiodescrição de dança. Recentemente apresentou a peça ÃO no TBA (Lisboa) uma co-criação com João Neves e André Teodósio.