Quais as diferenças e/ou relações entre os processos de migração em Munique e São Paulo? Como se dá a integração dos imigrantes nesses países de contextos sociais, políticos e econômicos diversos? Essas questões serviram como disparadores para o projeto AudioReflex. Os artistas Ariel Efraim Ashbel, nascido em Tel Aviv (Israel) e residente na Alemanha, Claudia Bosse, natural da Alemanha, mas moradora de Viena (Áustria), e Rita Natálio, portuguesa que vive entre Lisboa e São Paulo, criaram performances sonoras para o Museu da Imigração, no bairro da Mooca, na capital paulista. Disponibilizadas gratuitamente na internet por período indeterminado, as obras poderão ser ouvidas a partir de displays (inclusive no próprio celular do visitante) da exposição dentro e nos arredores do Museu da Imigração. Ariel Efraim Ashbel criou Planet of the Shapes, que transporta o visitante do Museu ao ano 2222, quando uma onda enorme de migração de alienígenas ao nosso planeta já seria histórica. Claudia Bosse criou Witnissing of the Trees, um percurso pelos jardins da instituição: neste trajeto, as árvores são protagonistas de uma história alternativa de migração de São Paulo. São elas que falam de acontecimentos vivenciados desde 1886 na antiga Hospedaria de Imigrantes. Já Rita Natálio ampliou, em sua obra, o contexto de migração. Sua performance sonora leva a outros lugares em São Paulo que estão vinculados à história da migração brasileira. Nesse caso, a obra é adaptada aos espaços e contextos diferentes e pode ser ouvida tanto durante os horários de funcionamento no Museu da Imigração, quanto na Casa do Povo (Bom Retiro), no Theatro Oficina (Bexiga), no Al-Janiah (Bela Vista), no Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante/CDHIC (Bela Vista) e no Arsenal da Esperança (Mooca).
Com direção artística de Sigrid Gareis, o projeto AudioReflex envolve artistas atuantes no Brasil (José Fernando de Azevedo, Alejandro Ahmed e Rita Natálio) e na Alemanha (Ariel Efraim Ashbel, Suli Kurban e Claudia Bosse). O programa foi estruturado em quatro etapas: duas oficinas com todos os participantes, realizadas em Munique e em São Paulo em 2017, e dois períodos de criação artística em cada uma das cidades. Três performances sonoras já foram criadas no Stadtmuseum, na Alemanha, e lançadas durante o festival SPIELART. Agora o projeto será realizado no Brasil, no Museu da Imigração, onde as pesquisas dos artistas e as performances sonoras serão criadas e disponibilizadas ao público.