de Ana Rita Teodoro & João dos Santos Martins com Filipe Pereira
17, 18, 20 e 21 de dezembro (ter, qua, sex, sáb) | 21h
22 de dezembro (dom) | 18h
no Espaço Parasita (Av Infante D. Henrique 334 Lisboa)
RESERVAS AQUI
A expressão “troca o passo” usa-se para indicar a segunda parte de uma data sem um ano definido, geralmente em relação a datas consideradas antigas (ex.: foi em mil seiscentos e troca o passo). A expressão também pode ser utilizada literalmente e significar apenas trocar de pé, para acertar o passo com a outra pessoa. Nesse caso, trocar o passo, da direita para a esquerda, ou vice-versa, permite acompanhar o mesmo ritmo, ou pelo menos a mesma cadência coreográfica. O princípio da coreografia social é acertar o passo, ou trocar para baralhar. Há quem não consiga andar ao lado de outra pessoa sem acertar o passo. Faz-lhes confusão pois sentem-se descompassados.
Troca o Passo faz parte de uma série de duetos (iniciada em 2020 com Trolaró) que Ana Rita Teodoro e João dos Santos Martins desenvolvem como pretexto para pesquisar e se reciclarem fisicamente enquanto artistas-bailarinos. A característica destes trabalhos é serem desprendidos da máquina de produção dos espectáculos e por isso mantêm um caráter experimental mas generoso.
Este dueto, parte de uma reflexão próxima à prática do “caminhar” na dança japonesa butô, nomeadamente a partir de Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno, e também, da metáfora da flor desenvolvida por Zeami na prática do Teatro Nô e amplamente explorada pela vanguarda japonesa. Caminhar é o traço presente de uma história que já começou, o desabrochar e o desvanecer de uma forma em andamento. É possível avançar no passo mantendo uma relação com buracos negros da história? As curvas elípticas do mundo sugam-nos para registos arqueológicos. Avançamos e recuamos, acertamos o passo e estamos atrasados, corremos e estamos adiantados, paramos mas continuamos a ir.