uma encomenda de Wallk&Talk 2016 // JDSM + 37.25
Numa noite de verão de 2012 saí para uma discoteca em Seul e deparei-me com um arbitrário grupo de pessoas a dançar como se tivesse sido previamente coreografado. O movimento parecia transmutar-se e fundir-se entre corpos sem claro ponto de iniciação ao mesmo tempo que alterando a dinâmica geral da sala. Era como se a coreografia estivesse a acontecer independentemente do agenciamento das pessoas ali convocadas, numa relação de devir por ser-se movido por algo exterior a si próprias. O aparato social da situação não era tão mais curioso quanto o processo que permitiu a sua aparência: princípios coreográficos que passam pela improvisação, cópia e reprodução, e que fazem parte de qualquer processo de trabalho, ou até mesmo, de uma certa ontologia da prática de dança.
Esta formulação marca o lugar de encontro em que, a convite do festival Walk&Talk, me proponho a colaborar com o coletivo 37.25 – Núcleo de Artes Performativas. Um encontro entre dois seres distintos que pressupõe uma expressão canibal de labor. Para o que der e vier.
João dos Santos Martins