a Gulbenkian e a dança em Portugal
24—27 junho, 1—4 julho 2021
Desde a extinção do Ballet Gulbenkian, em 2005, que a ação da Fundação Calouste Gulbenkian na dança se foca na atribuição de bolsas — de estudo, criação e internacionalização — que financiam projetos independentes de dança contemporânea de artistas maioritariamente em início de atividade. Ao convite para elaborar um programa que reunisse uma série de trabalhos apoiados pela Fundação, esta mostra responde com a apresentação de um conjunto de duas dezenas de peças, de entre mais de uma centena de artistas bolseiros do Programa Gulbenkian Cultura entre 2011 e 2017. A qualidade viva de cada uma dessas peças e a própria natureza efémera da dança justifica que a maioria não seja apresentada há vários anos. Algumas há que nunca foram apresentadas em Lisboa e outras mesmo em Portugal. De tal forma que a re-performance que agora se propõe contribui não só para repensar a ideia de repertório, como também para renovar um olhar sobre as peças aos olhos do presente.
Em causa, nestes trabalhos, está uma multiplicidade de indagações pelo questionamento do estado cinético do corpo, pela teatralidade de seres inanimados e inorgânicos, pela utilização da palavra como coreografia do sentido e da sensação, ou pela performatividade de género enquanto algo complexo e não linear. Estas inquietações testemunham o carácter versátil do que é a dança hoje enquanto prática expandida, muitas vezes alheia ao próprio corpo. Dança é por si só um modo de ação sem categoria em que todas as disciplinas se cruzam e todos os formatos coexistem colocando em causa os sistemas de apresentação e representação: sejam eles uma performance, uma exposição, uma visita guiada, uma conferência, uma entrevista, um concerto, um recital. Fazer-se dança hoje não significa apenas mover-se no espaço e no tempo, mas compor situações, assumir visões e perspetivas por entre as possibilidades de cada mundo. Juntos, os artistas que compõem esta mostra constroem um retrato parcial de uma geração marcada por um contexto de produção em que projetos de pequena dimensão, com equipas reduzidas, precários, fruto do mercado de trabalho cada vez mais liberal, são preponderantes. E por eles se pode contemplar a diversidade que constitui a cena da dança emergente em Portugal na última década.
Inicialmente prevista para 2018 e concebida para ocupar todos os espaços da Fundação, esta mostra, que por conta da pandemia está agora circunscrita a espaços de apresentação formais, não deixa de cumprir uma dupla função. Por um lado, revitalizar o circuito da dança contemporânea no contexto pandémico atual, recolocando o questionamento do corpo e das suas formas de visibilidade no espaço público como determinantes numa sociedade que vê privada de corpo social, e, por outro, reforçar a relação da Fundação com a dança contemporânea para o futuro.
João dos Santos Martins
24—27 junho
24 junho — quinta-feira
20h — Luís Guerra, Trovoada (2014), 45’’ — Grande Auditório
20h45 — Aurora Pinho, Velvet N’Goldmine (2016), 40’’ — Grande Auditório
25 junho — sexta-feira
19h — Joana von Mayer Trindade, Nameless Natures (2015), 30” — Sala 1
20h — Joana Castro, Perto…Tanto Quanto Possível (2014), 40” — Foyer VIP
21h — Matthieu Ehrlacher, Cocoon (2017), 50” — Auditório 2
26 junho — sábado
11—17h — Luís Miguel Félix & Ben Evans, O Museu Invisível (2013) — Museu Gulbenkian
15h — Andresa Soares, Vera Mantero e João Ferro Martins —conversa/demonstração — I’d rather not, 60” — Auditório 3
16h30 — Rita Natálio & Joana Levi, “Museu Encantador (2014, 2021)”, 60” — Sala 2
18h — Joana von Mayer Trindade, Nameless Natures (2015), 30’’ — Sala 1
19h — Flora Détraz, Gesächt + Tutuguri (2016), 45” — Auditório 3
20h — Joana Castro, Perto…Tanto Quanto Possível (2014), 40’’ — Foyer VIP
27 junho — domingo
11—17h — Luís Miguel Félix & Ben Evans, O Museu Invisível (2013) — Museu Gulbenkian
15h — David Marques, Kin (2014), 40” — Grande Auditório
16h — Rita Natálio & Joana Levi, “Museu Encantador (2014, 2021)”, 60’’ — Sala 2
17h30 — Flora Détraz, Gesächt + Tutuguri (2016), 45” — Auditório 3
18h30 — Mariana Tengner Barros & Mark Tompkins, A Power Ballad (2013), 70” — Auditório 2
20h — Catarina Miranda, Reiposto Reimorto (2015, 2021), 45” — Grande Auditório
1—4 julho
1 julho — quinta-feira
20h — Maria Ramos, Something Still Uncaptured (2013), 40” — Grande Auditório
21h30 — Sofia Dias & Vítor Roriz, Um gesto que não passa de uma ameaça (2011), 40” — Grande Auditório
2 julho — sexta-feira
19h — Miguel Bonneville, MB#8 (2011), 40” — Auditório 3
20h — Sónia Baptista, In the fall the Fox, e na queda raposar (2014), 60” — Auditório 2
3 julho — sábado
11—17h — Luís Miguel Félix & Ben Evans, O Museu Invisível (2013)— Museu Gulbenkian
15h30 — Vitalina Sousa, Do we dream every night? (2015), 15” — Sala 1
16h — Gustavo Ciríaco & António Pedro Lopes, Em Deriva (2010), 60” — Sala 2
17h30 — Vitalina Sousa, Do we dream every night? (2015), 15” — Sala 1
18h — Miguel Bonneville, MB#8 (2011), 40” — Auditório 3
19h — Dinis Machado, Cyborg Sunday (2014), 50’’ — Foyer VIP
4 julho — domingo
11—17h — Luís Miguel Félix & Ben Evans, O Museu Invisível (2013) — Museu Gulbenkian
15h30 — Vitalina Sousa, Do we dream every night? (2015), 15” — Sala 1
16h — Gustavo Ciríaco & António Pedro Lopes, Em Deriva (2010), 60” — Sala 2
17h30 — Vitalina Sousa, Do we dream every night? (2015), 15” — Sala 1
18h — Sónia Baptista, Assentar sobre a subida das águas (2016), 75” — Auditório 2
19h30 — Dinis Machado, Cyborg Sunday (2014), 50” — Foyer VIP
21h — Filipe Pereira & Teresa Silva, O que fica do que passa (2013), 35” — Grande Auditório
29 de junho — 4 de julho: Exposição de fotografias Do we dream every night? (2015) de Vitalina Sousa, Catarina Botelho, Pedro Tropa e Teresa Santos — Hall da Zona de Congressos